Este documentário poético sobre a Costa da Morte, na Galiza, de onde é natural Lois Patiño, observa a paisagem local com a distância e o tempo de quem conhece a sua geografia e as suas histórias. Para isso o realizador utiliza um método que compreende uma dupla distância: a da imagem e a do som. A imagem é sempre fixa, distante, parada no tempo para que possamos observá-la em todas as subtilezas, para que a possamos escutar; o som é por isso próximo: ouvimos o respirar das pessoas que a atravessam, que a trabalham, as histórias que contam; sabemos que as pessoas estão ali, não é certo que saibamos quem diz o quê, mas isso não é relevante já que o som pertence à paisagem, é ela quem fala e respira. A paisagem é, afinal, diz o realizador, composta por estratos de tempo condensados numa imagem; as vozes das pessoas pertencem a esse tempo: ao passado que evocam e ao presente em que se movem. Na tranquilidade do filme, se nos deixarmos ir quase nos podemos fundir na paisagem.