Au coeur du bois

Claus Drexel

IndieLisboa 2021 •

França, Documentário, 2021, 90′

O princípio desta história é um bosque que rodeia a cidade e, nele, circulam estranhas personagens que contam as suas histórias, mas também recebem os seus clientes. No coração do bosque, são elas as suas senhoras. 


A história decorre num “bosque nos arredores de Paris” como indica um cartão no genérico de início do filme. Este detalhe parece instalar Au cœur du bois nos códigos de um conto de fadas. As cores outonais são soberbas, a luz é doce e ouvimos uma canção. A música evoca uma sensação de curiosidade estranha. E se realmente não são fadas que Claus Drexel encontra, os diferentes interlocutores, prostitutas trans ou travestis, pertencem a um mundo habitualmente invisível. No máximo silhuetas, com nomes inventados, que são raramente olhadas (estas trabalhadoras do sexo) como Drexel o faz nesta longa-metragem. Au cœur du bois é inevitavelmente um filme político tanto que uma das mulheres nos lembra a sua falta de protecção social. Como são vistas as prostitutas pelas autoridades? Ou melhor: como é que as pessoas marginalizadas – como as mulheres prostitutas – e aquelas outras mulheres trans prostitutas (a margem da margem) são maltratadas pelo poder? Seja por diferentes presidentes franceses de direita, seja por feministas de esquerda, as margens serão sempre afastadas para longe, para a sombra do bosque. (Mickäel Gaspar)