A deusa Mari decide colocar o Diabo na posição de tutor dos seus filhos gémeos, os titulares Atarrabi e Mikelats. Quem melhor do que ele para os preparar para o mundo? Os irmãos crescem e tornam-se pessoas bem diferentes: Atarrabi, solene e curioso, sente o mundo lá fora a chamar por ele; já Mikelats prefere abraçar uma vida de diversão com os seus amigos demónios. Nesta versão modernizada de um mito basco, sinceridade e sátira andam de mãos dadas.
Era uma vez Atarrabi e Mikelats, dois irmãos gémeos, filhos da deusa Mari, e criados pelo Diabo. Esta lenda basca dá nome ao novo filme de Eugène Green, que nos convida a um episódio mitológico mas com um twist. Nesta versão de Green, o Diabo veste roupa fashion, tem um bar de cocktails na sua caverna e câmaras de vigilância para controlar os seus protegidos. Certo dia, um deles escolhe a luz, o outro escolhe a sombra. E do contraste dos seus destinos, observamos as suas aventuras de crescimento em paralelo. Podia ser um coming-of-age pagão, mas os corpos bressonianos de Atarrabi e Mikelats conduzem este conto moral para o lugar da ambivalência entre o bem e do mal. Humorístico e premonitório, Green compõe cenas absurdas e mágicas sobre rituais de amor, a procura pela salvação das almas, e em especial, a busca de uma sombra muito especial. (Inês Lima Torres)
Eugène Green nasceu em New York em 1947 e estabeleceu-se em França em 1969. Em 1977 criou a companhia de teatro Le Théâtre de la Sapience. Em 1999, realizou Every Night, e desde então que os seus filmes foram mostrados em festivais como Cannes, Berlim, Locarno e Londres, entre outros.