O título mais francês de To (à maneira de Melville), delicioso filme de golpadas com toques de realismo mágico e engenho diabólico. Numa interpretação brilhante, a mega-estrela Andy Lau é um mestre do roubo com uma doença fatal (o síndroma do tiquetaque tão popular no fin de siècle do cinema de HK), e organiza, como último gesto, um elaborado assalto de jóias. O seu instrumento é o reputado polícia Lau Ching-wan: os dois compõem o imprevisível jogo de gato e rato que move este clássico do cinema espectáculo. Um caso exemplar de como To se apropria de um género comercial ‚ o filme foi um significativo sucesso comercial ‚ e de como, através do brilho artesanal e da subversão, o volta a propor como arte. (S. Kraicer)