Largo de Santo Antoninho. Boa noite. Bairro da Bica. “António!” grita uma sombra feminina. Facadas. A vítima foge pelos carris do elevador até que chega, ofegante, às Ruínas da sua (?) própria Memória.
Seis aparições femininas assomam à sua janela com diferentes versões sobre a vida e as personalidades de um tal António, boémio da Bica, amante, esposo (?), fadista, vendedor de pentes ao vintém e de outros extraordinários artefactos (entre os quais um fabuloso e lendário elixir!).
A última aparição feminina, Marya de Fátyma, fadista castiça da Bica, mulher mais velha e experiente apresenta-se como íntima-conselheira de António. Comenta os boatos acerca de uma suposta intenção de casamento de António com as supostas seis amantes, e introduz a suspeita de que António foi alvo de uma tramóia congeminada para o matar traiçoeiramente à facada.
Quem é o verdadeiro António? Quantos Antónios existem afinal? E quantas amantes? Casaram-se? Mataram-no? Estará ele já no Purgatório? Quem é o olho misterioso que protagoniza o filme? António? Qual Antónyo? Eu?? Kum Kacêt.
A Janela (Maryalva Mix)
Edgar Pêra
IndieLisboa 2006 • Herói Independente
Portugal, Experimental, 2001, 104′