Com um ritmo mais pausado que outros filmes de Fassbinder, Roleta Chinesa é um jogo em espaço fechado: um casal vai passar um fim de semana num castelo, separadamente, cada um com o seu (a sua) amante e têm a surpresa de se encontrar frente a frente. A filha do casal, uma pré-adolescente que sofre de deficiência física, põe em movimento um cruel “jogo da verdade” durante todo o fim de semana. As quatro personagens dos casais trocados e quatro outras coabitam o espaço do castelo no tempo do filme, participando do ambiente ameaçador sobre o qual paira a ameaça do nazismo e a inquietação de um enigma por desvendar. (Cinemateca Portuguesa)
Na opinião de Christian Braad Thomsen, AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT é “a primeira obra-prima popular dentre os ‘filmes de cinema’ de Fassbinder”, que retoma aqui o género hollywoodiano do “filme de mulheres”, “mas tendo como protagonista uma mulher cujas ideias são fortemente marcadas pelos movimentos femininos dos anos setenta. A protagonista, Petra von Kant, divorcia-se por se sentir oprimida pelo marido e passa a ter uma relação lésbica, tornando-se de imediato a opressora no seio do novo casal. Sucumbe ao comportamento que ela própria criticara, o que não tornou o filme muito popular entre os movimentos feministas da época. (Cinemateca Portuguesa)
Semi-autobiográfico. A puta é Hollywood e o filme de Fassbinder é um dos grandes filmes sobre fazer um filme. Ou não fazer: no cenário de um filme faltam o realizador e o material para filmar. Os actores e os técnicos estão juntos num hotel espanhol enquanto esperam poder começar a trabalhar num filme de gangsters protagonizado por Eddie Constantine. Assistimos às relações estabelecidas entre os membros do grupo nesta situação de tensão. A chegada do realizador agudiza as emoções no sentido da alienação.