O realizador boliviano Kiro Russo volta a ser premiado no IndieLisboa com Viejo Calavera, que vence o Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa. O júri da competição internacional galardoou ainda Arábia, de Affonso Uchôa e João Dumans, com o Prémio Especial do Júri Canais TVCine & Séries. O Prémio Allianz – Ingreme para Melhor Longa Metragem Portuguesa foi entregue a Encontro Silencioso, de Miguel Clara Vasconcelos e o Prémio Ingreme para Melhor Curta Metragem Portuguesa foi atribuído a Miragem Meus Putos, de Diogo Baldaia. O Grande Prémio de Curta Metragem foi entregue a Wiezi/Close Ties, de Zofia Kowalewska.
Palmarés IndieLisboa 2017
Júri Competição Internacional
Giona A. Nazzaro | Manuel Mozos | Paz Lázaro
Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa – 15.000 Euros + 3000 Euros em serviços Ingreme
Viejo Calavera, Kiro Russo (Bolívia, Qatar)
“Uma obra de rigor e genialidade deslumbrantes. Um retrato bem-sucedido de perda e angústia, entre as contradições e transformações da indústria mineira boliviana. Um filme sobre a dignidade e a resiliência do trabalho e a beleza do cinema. Viejo Calavera é a revelação de Kiro Russo, um grande talento que começa a surpreender-nos com sua visão única e o seu olhar poderoso.”
Prémio Especial do Júri Canais TVCine & Séries – Aquisição dos direitos do filme para Portugal
Arábia, Affonso Uchôa, João Dumans (Brasil)
“Um filme como uma canção folk perdida que volta à vida para provocar resistência e mudança. Um filme que se foca na experiência e no legado das raízes da classe trabalhadora negra no Brasil. Um filme que evoca a necessidade e a inevitabilidade de uma revolução, mesmo estando os realizadores plenamente conscientes de que o homem nunca conseguirá libertar-se da dor do trabalho. Um filme perspicaz que questiona a ideologia do neoliberalismo, ao mesmo tempo que se recusa a ser condescendente. A revolução nunca dorme, nem Affonso Uchoa e João Dumans.”
Júri da Competição Internacional de Curtas Metragens
Filipe Abranches | Katja Pratschke | Richard Raskin
Grande Prémio de Curta Metragem – 4000 Euros + 2000 Euros em serviços Ingreme
Wiezi/Close Ties, Zofia Kowalewska (Polónia)
“O filme que escolhemos por unanimidade para o Grande Prémio é um retrato afectuoso e livre de preconceitos de um casal com uma longa história de problemas e as suas resoluções. Os valores de produção do filme e o seu argumento são soberbos e, embora o filme seja muito pessoal e íntimo, apela a toda a gente de forma universal. O Grande Prémio vai para Wiesi/Close Ties, realizado por Zofia Kowalewska.”
Melhor Animação – Curta Metragem (Patrocínio: Turismo de Macau) – 500 Euros
489 Years, Hayoun Kwon (França)
“O filme que escolhemos por unanimidade para o prémio de Melhor Filme de Animação é também um documentário. A viagem imaginária que oferece ao espectador é visualmente impressionante e a qualidade de sua narrativa é admirável. Com apenas 11 minutos de duração, os nossos olhos ficam colados à tela do início ao fim e o filme dá-nos a conhecer uma experiência memorável numa terra de ninguém. O prémio de Melhor Filme de Animação vai para 489 Years, realizado por Hayoun Kwan.”
Melhor Documentário – Curta Metragem (Patrocínio: Turismo de Macau) – 500 Euros
The Hollow Coin, Frank Heath (EUA)
“O filme escolhido para o prémio Melhor Documentário transporta-nos numa crescente tensão através de uma trama de intriga de espiões e sistemas de vigilância. Produzido de forma magistral, recorrendo a vozes sem caras e a uma montagem dinâmica. Através do criterioso uso do corte e do plano de pormenor, o filme mergulha o espectador na sua narrativa. O prémio vai para The Hollow Coin, realizado por Frank Heath.”
Melhor Ficção – Curta Metragem (Patrocínio: Turismo de Macau) – 500 Euros
Le film de l’été, Emmanuel Marre (França, Bélgica)
“O filme que escolhemos para o prémio de Melhor Ficção leva-nos a um conjunto de não-lugares agitados, áreas públicas de passagem. Dois homens estão presos nos seus problemas. O desempenho excepcionalmente despreocupado dos actores demonstra as dificuldades modernas que se vivem num mundo indiferente. O filme propõe-nos uma forma de escapar: através da perspectiva aberta e inocente de uma criança. O trabalho é extremamente profundo e, ao mesmo tempo, brilhante e quente, como um dia de sol. O prémio de Melhor Ficção vai para Le film de l’été, Emmanuel Marre.”
Júri da Competição Nacional
Antoine Barraud | Maike Mia Höhne | Paulo Bertolín
Prémio Allianz – Ingreme para Melhor Longa Metragem Portuguesa – 2500 Euros oferecidos pela Allianz + 3000 Euros em serviços na Ingreme
Encontro Silencioso, Miguel Clara Vasconcelos (Portugal)
“O prazer da mise-en-scène é provavelmente o maior prazer do cinema. Qualquer assunto, qualquer género, qualquer actor pode ser interessante, mas tudo depende de mise-en-scène. Este filme é lúdico, inventivo, desde o primeiro plano que desce do céu, até aos jogos sádicos na lama e as sequências nas cavernas e por baixo de água. Várias vezes ao longo do filme, sente-se que a história pode disparar para qualquer direcção. E isso é algo muito raro.”
Prémio Ingreme para Melhor Curta Metragem Portuguesa – 1500 Euros + 2000 Euros em serviços na Ingreme
Miragem Meus Putos, Diogo Baldaia (Portugal)
“Um fluxo impressionante de imagens e sons inesperados, orquestrados pelo poder associativo e a magia lírica da montagem. Um filme que nos relembra a sensualidade e ironia potencial do cinema enquanto linguagem, para além da pura narração.”
Prémio Novo Talento FCSH/Nova – Curta Metragem – 1500 Euros
Flores, Jorge Jácome (Portugal)
“Nós não sabemos exactamente o que se passa entre as duas personagens principais. Nunca é claro e isso é precisamente o que é bonito. É muito subtil, tudo feito apenas com pequenos gestos. E quando um dos dois se volta para o realizador no final e diz que gostaria de ver o que foi filmado durante os poucos dias passados juntos, é uma emoção inesperada que nos surge. É emocionante perceber que esse jovem precisa do filme para ver como aquele relacionamento surge na tela. Neste filme, o poder do cinema é evidente. O filme que recebe o prémio do Novo Talento é Flores.”
Prémio Walla Collective para Melhor Filme da Secção Novíssimos – 2000 Euros em serviços de pós-produção em imagem e som na Walla Collective
Os Corpos que Pensam, Catherine Boutaud (França, Portugal)
“Normalmente, uma determinada distância ajuda a aproximar-nos de um assunto, ajuda a fazer um filme. E se não houver distância?
E se toda a distância é a que existem entre duas irmãs? Olhando para a sua irmã, a realizadora cria um caleidoscópio de imagens e situações e faz-nos viajar através de anos e anos passados. Descobrimos os altos e baixos de anorexia, que mais tarde se transforma em bulimia, dentro deste retrato íntimo e aberto. No final, as duas irmãs ficam lado a lado e os nossos olhos abrem-se.”
Júri IndieMusic
Joana Sá | Mário Valente | Tó Trips
Prémio Indiemusic Schweppes – 1000 Euros
Tony Conrad: Completely in the Present, Tyler Hubby (EUA, Reino Unido)
“O filme apresenta a obra artística de Tony Conrad, obra ainda desconhecida de um público alargado, que se destaca pela sua multidimensionalidade, experimentalismo e pertinência, colocando em causa instituições, poder e autoridade estabelecidos. A abordagem artística de Conrad é notável pela sua coerência e consistência ao longo do tempo e por abarcar uma grande diversidade de expressões, nas quais a música e o cinema cumprem um papel preponderante, estando intimamente relacionados. Para além da relevância artística do conteúdo que o realizador Tyler Hubby consegue colocar sempre em primeiro plano, este documentário é singular pela subtileza da sua abordagem performativa e pela sua construção não-linear (filmada num período de cerca de vinte anos).”
Júri Árvore da Vida
Inês Gil | Margarida Avillez Ataíde | Paulo Pires Alves
Prémio Árvore da Vida – 2000 Euros
Ex-aequo:
Antão, o Invisível, Maya Kosa, Sergio da Costa (Suíça, Portugal)
Num Globo de Neve, André Gil Mata (Portugal)
“O prémio Árvore da Vida 2017 é atribuído a estes dois filmes, pela simplicidade eficaz dos dispositivos utilizados; pela sinceridade desarmante das experiências e sentimentos que nos apresentam; pela importância que dão à palavra, e por mostrarem que ela nos permite “ver” – e que ver é difícil e implica um esforço; pela atenção que ambos revelam à dignidade da pessoa e a antecedência do outro; por nos indicarem a importância do serviço e da relação: em “Antão”, no trabalho da mediadora do Museu, que acompanha e ajuda a ver; no caso de “Bola de neve”, na sentida ausência-presente da avó e da importância do seu amor, mostrando como se cruzam a vida pessoal e a história social numa cidade martirizada como Sarajevo; para finalizar, estes dois filmes são premiados pelo reduto de mistério e segredo que souberam preservar, e pela liberdade que dão ao espectador, implicando-o na sua construção.”
Júri Amnistia Internacional
Fernanda Câncio | Filipa Santos | Joana Gorjão Henriques
Prémio Amnistia Internacional – 1500 Euros
Find Fix Finish, Mila Zhluktenko, Sylvain Cruiziat (Alemanha)
“Sabemos o que são drones. Sabemos que são usados para perseguir, vigiar, matar. Sabemos que alguém os opera. Não há nada de novo nisto mas Find Fix Finish consegue, com extrema beleza formal, colocar-nos numa nova perspectiva: a de estarmos ao mesmo tempo no lugar de quem vê, vigia e executa – ou seja, mata – e no de quem é visto, vigiado e executado. O Júri decidiu atribuir o prémio da Amnistia Internacional a Find Fix Finish.”
Júri Universidades
Leonor Sousa | Rafael Afonso | Teresa Vieira
Prémio Universidades
El mar la mar, Joshua Bonnetta, J.P. Sniadecki (EUA)
“Poema do ensurdecedor silêncio. Versos de sombras, de vida, de morte. Uma ode trágica a um não-lugar repleto de traços e fragmentos de passagens temporárias ou penosamente permanentes.
Pistas visuais e sonoras minuciosamente colocadas no caminho narrativo deste registo documental de uma realidade invisível – de almas sem nome, de corpos sem matéria, sem lugar -, que culmina num quadro não-linear da mais absoluta totalidade. A representação sublime de um trauma intemporal, de extrema pertinência no contexto sócio-político actual. Por estas razões premiamos El mar la mar, de J.P. Sniadecki e Joshua Bonetta.”
Júri Escolas
Débora Mogueiro | Inês Proença | Teresa Oliveira
Prémio Escolas
Le fol espoir/Wild Hope, Audrey Bauduin (França)
“Pela beleza e simplicidade da estrutura narrativa, pela pertinência do tema, e, finalmente, por constituir a prova de que, para se realizar um filme de qualidade, não são necessários meios de produção particularmente avançados, atribuímos este prémio a Le fol espoir.”
Júri do Público
Prémio do Público Longa Metragem – 2000 Euros
Venus, Lea Glob, Mette Carla Albrechtsen (Dinamarca, Noruega)
Prémio do Público Curta Metragem Crocs – 1000 Euros
Scris/Nescris, Adrian Silisteanu (Roménia)
Prémio do Público IndieJúnior Escolas DoctorGummy – 500 Euros
Bichinhos do Lixo/Litterbugs, Peter Staney-Ward (Reino Unido)
Prémio do Público IndieJunior Famílias Trina – 500 Euros
O Trenó/The Sled, Olesya Shchukina (Rússia)