Filmes que reflectem sobre a questão de género, os diferentes lugares da mulher na sociedade, os novos paradigmas da sexualidade e a libertação de ideias e preconceitos, para uma rota que interessa a mulheres e homens nesta 14ª edição do IndieLisboa.
Falar sobre sexualidade, desejos, fantasias, frustrações e medos era o desafio do open-call lançado por Mette Carla Albrechtsen e Lea Glob. Um casting que deveria ter dado outro filme, mas que, pela qualidade do material recolhido, gerou este Venus: um olhar confessional e cândido sobre a sexualidade feminina, sem espaço para vergonhas ou inibições. A história de mais de cem mulheres para ver a 5 e 14 de Maio na Culturgest. Os fulas, trio de pastores do Burquina Faso, e as suas tradições de entrada na vida adulta são o foco para o documentário Boli Bana, a primeira longa metragem de Simon Gillard. Um olhar próximo sobre a adolescência mística da tribo que acompanha Ama, um dos jovens pastores, e Aissita, uma das meninas da aldeia. Outras infâncias são aquelas que Milagros Mumenthaler retrata em La idea de un lago, a sua segunda longa metragem que acompanha Inés quando esta decide organizar um livro de poemas e fotografias do seu passado, no momento em que se divorcia e espera uma criança. Uma história de regresso às memórias, rodada no sul da Argentina, entre álbuns e a figura de um pai ausente, a não perder a 4 e 10 de Maio no Cinema São Jorge e Cinema Ideal, respectivamente. Grave tem provocado a indisposição pelas salas de cinema mundiais, acumulando relatos de espectadores que abandonam as cadeiras com vómitos. A história de uma vegetariana que, ao provar pela primeira vez carne, entra numa espiral destruidora até ao canibalismo é uma metáfora para a entrada na vida adulta, o conformismo e o sexo. Sessão para fortes de espírito no Cinema São Jorge a 11 de Maio e na maratona Boca do Inferno da noite de 6 de Maio. Nos territórios da animação, Cipka, acompanha os momentos a sós entre uma rapariga na exploração da sua sexualidade. Uma das histórias a reter na sessão 2 da Competição Internacional de curtas, na Culturgest a 6 e 9 de Maio.
Contemporâneo da Nouvelle Vague e desde o início, nos anos sessenta, autor de uma obra não alinhada com nenhum movimento, o francês Paul Vecchiali tem nas questões sociais controversas, a sexualidade e as relações amorosas um eixo fundamental. Na retrospectiva que lhe dedicamos, destacamos três obras: Change pas de main, um policial erótico que inverte os formalismos do cinema de género; Femmes femmes, uma sátira onde Hélène Surgère e Sonia Saviange interpretam duas actrizes falhadas que transformam as suas vidas numa peça permanente; En haut des marches, uma homenagem à sua mãe, uma mulher frágil, mas dona de uma energia imparável.