Temos de confiar uns nos outros explica uma mulher, sem que saibamos exactamente a quem se dirige a afirmação. O cenário mostra-nos máquinas de uma fábrica e o som é ensurdecedor. Há pessoas a trabalhar, a manusear as máquinas, a garantir que as engrenagens cumpram os movimentos certos. É preciso estar concentrado. Que ta joie demeure é um documentário sobre o trabalho, mas não sobre a submissão do homem ao poder da máquina, sobre a desumanização do processo industrial. O que se vê é sobretudo a adaptação de pessoas a espaços e funções aparentemente bizarras mas que são executadas com mestria e com coreografias que o filme observa e enaltece. O corpo é um instrumento de trabalho, uma extensão da máquina. Mas cada actividade também é falada, discutida em diálogos que parecem encenados, como aliás as próprias coreografias, mas sem que nunca deixemos de estar perante um documentário, que se move por diferentes espaços industriais para revelar a rotina enquanto movimento de uma das actividades mais valorizadas pelo homem: o trabalho.