Partindo de uma história simples, Yaél André compõe este Quand je serai dictateur a partir de filmes em 8mm e super 8 que captaram vidas, viagens e momentos de pessoas anónimas, e que os anos largaram em sótãos, mercados de objectos usados ou até no lixo. Usando os universos sugeridos por estes filmes, ela recupera a sua amizade com George, com quem, logo na infância, descobriu os limites do mundo em que viviam e onde não cabiam todos os seus sonhos e aspirações. Para lhe escaparem, inventavam outros mundos, mais à sua medida, situados entre a poesia e o caos. Até que um dia ela é informada do suicídio de George e há qualquer coisa nela que se perde também. Para superar a perda, recorre ao mesmo princípio e constrói mundos que possam preservar para sempre aquela amizade.
A forma como Yaél André os monta faz com que vejamos estes vídeos caseiros com um novo olhar, como se pertencessem à própria história dos dois amigos. A combinação bizarra entre o texto e as imagens, a verdade e a ficção, a vida e morte aproxima-nos daquela história como se fosse a nossa ou como se pudéssemos, através daquela fórmula, resolver as nossas.
Quand je serai dictateur
Yaël André
IndieLisboa 2014 • Competição Internacional
Belgium, Documentary, 2013, 90′