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Toussaint Louverture foi o grande líder da revolução haitiana que levou à independência do país que ocorreu já após a sua morte, tornando-se a primeira República negra independente das Américas. Que Haiti existe hoje na promessa dessa revolução? Como sentem os jovens do país a responsabilidade da descendência do herói haitiano? Num filme colectivo, polifónico, habitado pela alucinação e pela promessa de futuro, o grupo de teatro The Living and the Dead Ensemble traduz para crioulo haitiano e encena a peça “Monsieur Toussaint” de Édouard Glissant. São os últimos dias de Louverture, encerrado na sua cela na Cordilheira do Jura, nos Alpes, assombrado pelos fantasmas do passado revolucionário. Mas a figura literária e cultural haitiana por excelência é a espiral e, por isso, o filme escreve-se e brota de todos os lados. E são também as personagens do panteão histórico haitiano que vêm assombrar os actores que trabalham e vivem a peça em Port-au-Prince. (Carlos Natálio)