O retrato de uma comunidade cigana francesa já tinha sido ensaiado por Jean-Charles Hue, nos caminhos da ficção, em “La BM du Seigneur” (exibido no IndieLisboa 2011). Com “Mange tes morts”, o seu olhar marca território no cinema francês contemporâneo. Pelos trilhos da acção e do western, Hue constrói a história de um jovem rapaz ameaçado pelo regresso do irmão mais velho da sua longa estadia na prisão. Entre um desejo de recomeço e uma impetuosa atracção pelo risco, o futuro de uma família vê-se preso às furiosas acelerações de um bólide nocturno que carrega, nos seus rugidos, os seus mortos passados e um inevitável destino.