L

Babis Makridis

IndieLisboa 2012 •

Grécia, Ficção, 2012, 87'′

“Queria mel, o melhor que tem.” “Estamos sem mel, um carro verde levou-o todo.” “Obrigado.” “Não tem de quê.” “Bonito casaco.” / O diálogo acima, por estranho que pareça, é um exame de condução ‚ quanto mais rápido e mais preciso se for a dizer as frases, mais hipóteses se tem de ser escolhido como condutor para entregar frascos de mel. O cinema da falsa lógica está a definir a estética cinematográfica grega. Depois de Dogtooth e Alps, Efthymis Fillipou co-escreve com o realizador de L a grotesca comédia sobre o homem que é rejeitado como condutor só porque se esqueceu de avaliar a qualidade do mel. Se o mundo que nos rodeia é incompreensível, quanto mais em crise estamos mais encurralados nos sentimos. No nosso caso, o protagonista vive literalmente atrás do volante ‚ é aí que come, vê os filhos, celebra o seu aniversário. Vazio, insignificância, ausência de emoção e repetição constituem L, com referências óbvias a Samuel Beckett, onde as personagens principais, quais ursos, estão obcecadas com mel. (Nina Veligradi)