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1992 foi um ano importante para Espanha: os Jogos Olímpicos de Barcelona e em Sevilha, a Exposição Universal. Mas a narrativa de um país próspero e moderno teve o seu reverso. Como numa grande obra enciclopédica iluminista, o realizador irá escutar as conversas de um típico bar de Cartagena, dando voz às pessoas – trabalhadores, desempregados, manifestantes – que viveram a chegada da crise económica, o fecho das fábricas e várias revoltas incendiárias.
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Através de uma recolha meticulosa de depoimentos, El Año del Descubrimiento foca-se no ano de 1992 que deu lugar à Expo de Sevilha, aos Jogos Olímpicos em Barcelona e à revolta da classe trabalhadora que incendiou o Parlamento de Múrcia. Na segunda longa-metragem de Luis López Carrasco, o realizador trabalha novamente num discurso documental, desta vez através do revivalismo histórico e social de conversas esquecidas num bar em Cartagena, Espanha. O filme é composto pela contribuição de 45 cidadãos de bairros periféricos de Cartagena e La Unión, e da narração das suas memórias daquele tempo. Um momento histórico quase esquecido é trazido à luz do presente sublinhando a importância do diálogo sobre consciência de classe, a crise económica e o papel dos sindicatos. Sobretudo, um filme que ilumina a importância do resgate da memória depois do esquecimento encoberto pelo passado, e o consequente poder vital do cinema na sua recuperação. (Inês Lima Torres)
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