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Conhecemos a história. Falamos, afinal, de uma das vozes do século XX, da mulher que carregava em si a história do jazz e que o transformou em expressão de uma vida de glória artística e de tumulto privado. Billie Holiday, nascida em 1915 e levada por uma vida de abusos e excessos em 1959, aos 44 anos, foi admirada por Duke Ellington, foi influência marcante para Sinatra, foi reflexo conturbado da transparente Ella Fitzgerald.
A partir de 1970, a jornalista Linda Lipnack Kuehl, que sabia tudo isso, dedicou-se nove anos a saber mais. Com o objectivo de escrever uma biografia, reuniu duzentas horas de entrevistas com amigos, amantes, agentes, familiares ou músicos como Count Basie e Sarah Vaughan. Linda Kuehl, a outra protagonista deste documentário, morreu tragicamente antes de concluir o seu livro, mas com as palavras que gravou reunidas às iluminadoras imagens de arquivo, a obra como que se concretizou. “Billie” é o retrato completo. (Mário Lopes)