Ele é mesmo capaz de pressentir a queda e sentir na pele os sulcos profundos cavados no chão, exactamente como percebe, mesmo de olhos fechados, quando uma enfermeira olha para si. Ele sabe que seguindo esse trilho no chão e uma vez lá em baixo, apenas encontraria ferro e carne fundidos num só. Ele sabe que não podendo estender o braço ao abismo e dele resgatar a sua mãe, resta-lhe mergulhar nesse subterrâneo ao qual tem acesso privilegiado porque ainda não conhece mais nada. Solitária mas involuntariamente comunicante – a zona acolhe, a zona liberta.
A Zona
Sandro Aguilar
IndieLisboa 2008 • Competição Internacional, Competição Nacional
Portugal, Fiction, 2008, 99′