O filme que arrecadou em 2019 o prémio da crítica no Festival de Locarno é um drama acerca das pressões de um modo de vida urbano e moderno. No centro da primeira ficção da realizadora brasileira Maya Da-Rin está Justino (Regis Myrupu), um homem de meia idade, viúvo, de origem indígena que trabalha no porto de Manaus. Quando a sua filha o informa que quer ir estudar enfermagem para a cidade de Brasília, este vê-se acometido de uma estranha febre…
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Justino é um indígena Desana de 45 anos que trabalha como vigia no porto de cargas de Manaus, uma cidade industrial cercada pela floresta da Amazónia. Desde o falecimento da sua mulher que a sua filha é a sua principal companhia. Ainda assim, Vanessa, que trabalha como enfermeira, é aceite para estudar medicina em Brasília, longe de Justino. Aquando desta notícia e confrontado com a opressão da cidade, Justino entra num estado lânguido e febril e começa suspeitar que uma criatura misteriosa segue os seus passos. A origem enigmática da sua condição e a aproximação misteriosa da floresta, faz crescer uma atmosfera onírica que contagia o espectador com a mesma sensação febril. Justino conta a história de um homem cuja profunda conexão com o mundo natural o faz desconfiar dos instintos predatórios dos humanos. Nesse sentido, A Febre inscreve-se como uma fantasia, ou uma história fantasmagórica. Este resultado sente-se sobretudo no híbrido construído por um trabalho de ficção cruzado com personagens não-actores, o que desafia a percepção do espectador sobre o realismo mágico do filme. (Inês Lima Torres)
Justino é um indígena Desana de 45 anos que trabalha como vigia no porto de cargas de Manaus, uma cidade industrial cercada pela floresta da Amazónia. Desde o falecimento da sua mulher que a sua filha é a sua principal companhia. Ainda assim, Vanessa, que trabalha como enfermeira, é aceite para estudar medicina em Brasília, longe de Justino. Aquando desta notícia e confrontado com a opressão da cidade, Justino entra num estado lânguido e febril e começa suspeitar que uma criatura misteriosa segue os seus passos. A origem enigmática da sua condição e a aproximação misteriosa da floresta, faz crescer uma atmosfera onírica que contagia o espectador com a mesma sensação febril. Justino conta a história de um homem cuja profunda conexão com o mundo natural o faz desconfiar dos instintos predatórios dos humanos. Nesse sentido, A Febre inscreve-se como uma fantasia, ou uma história fantasmagórica. Este resultado sente-se sobretudo no híbrido construído por um trabalho de ficção cruzado com personagens não-actores, o que desafia a percepção do espectador sobre o realismo mágico do filme. (Inês Lima Torres)