Le petit soldat

Contando a história de um desertor francês que se alista num grupo de extrema-direita suíço, do qual mais tarde tenta fugir por amor a uma mulher, Le petit soldat foi um dos mais polémicos filmes de Godard, acusado à época de “fascismo” por parte da esquerda oficial e proibido em França durante três anos, pelas muitas alusões à Guerra da Argélia, então no auge. É também o filme do primeiro encontro de Godard com Anna Karina, que sempre que entra em cena rouba toda a luz à sua volta. E o filme do célebre aforismo que vem de um discurso sobre a fotografia, o cinema e a verdade: “a fotografia é a verdade e o cinema é a verdade a 24 fotogramas por segundo.” (Cinemateca Portuguesa)

Bande à part

Bande à part (sétima longa metragem de Godard) foi realizado no período em que o realizador mais questionou e reinventou o cinema. Personagens de cinema num mundo implacavelmente real ou personagens reais num mundo de cinema? Um filme denso e intenso, um dos grandes momentos do cinema moderno. E o filme em que aprendemos como é possível correr pelo museu do Louvre numa incursão relâmpago de nove minutos e quarenta e três segundos. (Cinemateca Portuguesa)

Vivre sa vie

Com uma assombrosa fotografia a preto e branco de Raoul Coutard, VIVRE SA VIE é um filme construído para Anna Karina, que aqui demonstra que, além de ser um ícone da Nouvelle Vague, é uma fabulosa actriz. Muito poucos rostos passariam incólumes na comparação com a Falconetti da JEANNE D’ARC de Dreyer (filme que a personagem de Karina vai ver, numa sequência de VIVRE SA VIE), também um sinal do génio e ousadia de Godard. Godard em homenagem a Dreyer. Os grandes planos de Karina em frente aos grandes planos de Falconetti. (Cinemateca Portuguesa)

Une femme est une femme

Segunda longa metragem de Godard a estrear (dada a censura imposta a Le petit soldat), Une femme est une femme (a apresentar em cópia digital) é uma homenagem ao musical americano e um eco longínquo de Design for Living de Ernst Lubitsch (1932), filmado em CinemaScope e com cores sumptuosas. Premiado no Festival de Berlim por ter “abanado as regras da comédia cinematográfica”, trata-se de um filme de extrema leveza e elegância, em que Anna Karina tem uma das suas melhores aparições no cinema. Anna é Angela, uma dançarina de cabaret que pensa na maternidade, enquanto se entende e desentende com o marido e com o amigo dele, com quem encena um triângulo amoroso. “Une femme”/“infame.” (Cinemateca Portuguesa)

Pierrot le fou

O mais famoso filme de Godard, de “uma beleza sublime” no dizer de Louis Aragon, continua a entusiasmar as novas gerações que o descobrem. Pierrot e Marianne, deixam subitamente Paris e saem pelas estradas de França, “vivendo perigosamente até ao fim”. Amam-se e matam(-se), mas principalmente recusam a civilização tal como o pequeno-burguês a concebe, vivendo o instante e o dia a dia. A fotografia a cores de Raoul Coutard é um verdadeiro compêndio de muitas tendências estéticas dos anos sessenta. E é aqui que Godard filma Fuller a afirmar que “o cinema é como um campo de batalha. Amor. Ódio. Ação. Violência. Morte. Numa palavra: emoção”. (Cinemateca Portuguesa)

Made in USA

Um Godard influenciado pelos “agentes secretos” e o caso Ben Barka, com Anna Karina no papel de uma jovem, que procura vingar o namorado, um jornalista assassinado numa cidade da província, por possuir um segredo perigoso. “Uma das coisas geniais de Made in U.S.A. reside no facto de Godard ter integrado um discurso político (ou sobre a política) de contexto e referências bastante ‘realistas’ numa espécie de alegoria que não anda muito longe da ficção científica” (Luís Miguel Oliveira). É a última longa-metragem de Godard e Karina. (Cinemateca Portuguesa)

Anticipation ou l’amour en an 2000

Segmento do coletivo Le plus vieux métier du monde. Rodado em 1966, estreado em 1967 como o último dos seis segmentos do colectivo Le plus vieux métier du monde/A mais Antiga Profissão, em que se abordam a prostituição, o sexo e o dinheiro ao longo dos séculos. Com Karina, Anticipation dirige-se “àqueles que desejam saber como Jean-Luc Godard imaginou a mais velha profissão do mundo na era interplanetária”. A preto e branco até à explosão cromática do desfecho. (Cinemateca Portuguesa)

Alphaville

Homenagem ao filme negro, obra de ficção científica e de ficção política, é como indica o título completo “uma estranha aventura de Lemmy Caution”. O agente secreto Lemmy Caution (protagonista de uma série do cinema francês) vai à cidade de Alphaville, onde todos os sentimentos foram abolidos e onde ninguém é capaz de perceber poesia, tentar convencer um cientista a regressar aos “planetas exteriores”. Esta parábola sobre a sociedade futura foi inteiramente filmada em cenários naturais, em Paris e nos seus arredores. Anna Karina contracena com Eddie Constantine no enredo “de aventura e amor”, “morte e mistério” que as personagens atravessam entre as malhas de uma ditadura tecnocrática. (Cinemateca Portuguesa)

Sauve qui peut (la vie)

O Regresso de Jean-Luc Godard ao cinema depois de quase dez anos de abstinência é uma dança de amor estranhamente grotesca, irónica e amarga. Denise (Nathalie Baye) desiste do emprego na televisão por uma vida no campo. Paul (Jacques Dutronc), o namorado dela, não quer deixar a cidade e também não quer que Denise o abandone. Isabelle (Isabelle Huppert) muda-se do campo para a cidade para vender o corpo. Os seus caminhos cruzam-se, entre as personagens desenvolve-se uma vaga rede de ligações, girando o enredo (ou o não enredo) à volta dos conceitos de “imaginário”, “medo”, “comércio” e “música”. Adoptando a sua habitual abordagem sócio-crítica, Godard surpreende o espectador com estas bravas e enigmáticas imagens.