18ª Edição do IndieLisboa, um Oásis para o Cinema Internacional

Pelo segundo ano em pleno verão e ainda num formato atípico, o IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema de Lisboa aconteceu entre 21 de Agosto e 6 de Setembro, naquela que foi a edição mais longa na sua história.

No ano em que atingiu a maioridade, reuniu um total de 276 filmes distribuídos por 191 sessões, 27 das quais esgotadas. Ainda com as salas reduzidas a 50% do público, foi grande a adesão às habituais salas de cinema – Cinema São Jorge, Culturgest, Cinema Ideal e Cinemateca Portuguesa – mas também ao ar livre no Jardim da Biblioteca Palácio Galveias e na esplanada da Cinemateca, uma boa aposta para as noites quentes.

É de salientar o sucesso do documentário de Ahmir “Questlove” Thompson que reescreve finalmente a história do Festival Cultural do Harlem de 1969 em Summer of Soul (…or, When the Revolution Could Not Be Televised), vencedor do Prémio de Melhor Documentário na edição deste ano do Festival de Cinema de Sundance nos EUA. No campo da competição internacional, Nous, o filme-sensação de Alice Diop que tem passado os últimos 15 anos a filmar os bairros periféricos de Paris pela lente do activismo social, e Les Prières de Delphine, de Rosine Mbakam, que acabou por vencer o Grande Prémio de Longa-Metragem Cidade de Lisboa. Também de salientar a secção IndieMusic, em particular filmes como Ney à Flor da Pele, Sisters with Transistors ou Nueve Sevillas, os últimos dois vencedores do Prémio IndieMusic deste ano. No plano dos filmes portugueses, o belíssimo Paraíso, de Sérgio Tréfaut, estreado recentemente e No Táxi de Jack, de Susana Nobre, elevaram a fasquia do cinema português. Ainda assim e olhando para trás, o acontecimento deste ano foi a majestosa e a mais completa Retrospectiva de Sarah Maldoror na Cinemateca Portuguesa, um dos momentos mais aguardados deste ano, em jeito de agradecimento e profunda homenagem após o desaparecimento da cineasta no passado ano de 2020. A sua filha Annouchka de Andrade marcou presença nas projecções e firmou o objectivo desta comunhão anual de pessoas que através do cinema vivem.

No cinema para os mais novos, foi de notar uma boa adesão das famílias ao festival, destacando-se o Dia da Família, no Jardim Biblioteca Palácio Galveias, o Cinema de Colo para bebés dos 4 meses aos 2 anos e meio, e o filme-debate para todos os pais, filhos e professores Autismo: o caminho para a inclusão na escola e na comunidade que se focou em abordar a questão da diferença, e que aconteceu na Biblioteca Palácio Galveias. As sessões organizadas com as escolas pelo serviço educativo do festival já tinham acontecido em Maio passado (nas datas originais do festival) e constituiu um grande acontecimento pelo facto de, pela primeira vez, essas sessões terem decorrido directamente nas escolas.

Além do público que assistiu às sessões de cinema, é também importante destacar tanto os que assistiram às actividades do festival, como as LisbonTalks Universidade Lusófona, transmitidas em directo no YouTube, como os participantes das actividades de indústria, nomeadamente as Lisbon Screenings, direccionadas exclusivamente a profissionais. A acrescentar a isto, estão todos aqueles que ouviram e continuam a ouvir as Director’s Talks, conversas sobre cinema entre a nossa equipa e cineastas presentes no festival, não só no Facebook mas também em formato podcast, disponível no Spotify, Google Podcasts, Radio Public, Breaker e Anchor. A app e o Whatsapp do IndieLisboa acompanharam o festival, ajudando os espectadores a terem toda a informação necessária sobre a programação e o evento em si.

O IndieLisboa terminou no passado dia 8 de Setembro, após a exibição dos filmes premiados no Cinema Ideal e a conclusão da Retrospectiva Sarah Maldoror na Cinemateca Portuguesa. Estará de regresso em 2022, entre os dias 28 de Abril e 8 de Maio, com uma nova selecção de filmes de produção nacional e internacional. Entretanto, o festival e os filmes presentes na sua 18a edição viajarão pelo país a quem não pôde estar presente em 10 extensões, que vão de Odemira a Famalicão, passando por Vila Franca, Penafiel ou Pinhal Novo.

Um grande obrigada e até para o ano!