Um filme feito com materiais anteriormente classificados que expõe como os serviços secretos da Polónia comunista espiavam e registavam as actividades dos seus cidadãos, da década de 60 até à de 80, de telefonemas aos detalhes mais mundanos.
Um filme feito integralmente de materiais de arquivo, de imagem e sonoros. Wolski reconstrói um tempo da cortina de ferro, numa Polónia vigiada e pouco permissiva, entre os anos 60 e 80. Daí os registos tão diversos, em termos de qualidade de imagem e de som. No entanto, uma única ideia percorre de forma exemplar todo o filme: a nossa necessidade enquanto espectadores de tudo registar e tudo reflectir. Porque se ouvimos uma mulher a ser questionada (interrogada) sobre a sua capacidade económica enquanto dona de casa, de todo o lado recebemos sinais de como o diálogo está a ser conduzido para a incriminar. E se vigiar os factos ditos relevantes era preciso, então os dados recolhidos do lado mais mundano serviriam para quê? Segue ainda hoje a questão por resolver e Wolski põe o dedo na ferida. (Miguel Valverde)
Tomasz Wolsk é membro do Guild of Polish Documentary Directors, Polish Film Academy e European Film Academy. Realizador da curta-metragem Daughter (Grand Prix em Angers Premiers Plan) e realizador, editor e câmera em 13 documentários premiados em festivais como Los Angeles Film Festival, Palm Springs Film Festival, Punto de Vista, Nancy - Aye Aye Film Festival, Flickerfest International Short Film Festival, Camerimage & Krakow Film Festival.