John Cohen é um maverick e um artista de múltiplos talentos. Membro fundador dos New Lost City Ramblers, bem como músico folk gabado por Patti Smith, fotógrafo, antropólogo e cineasta, Cohen teve um papel singular no registo de figuras da cultura popular americana, como os seus retratos de Jack Kerouac, Willem de Kooning, Robert Frank, Allen Ginsberg, Woodie Guthrie e um Bob Dylan prestes a chegar à ribalta.
Different Johns
Robert Carr
IndieLisboa 2021 • IndieMusic
França, Alemanha, Peru, Estados Unidos, Documentário, 2020, 93′
De que se faz um homem? E o que faz um artista? A vida de John Cohen, que foi músico, fotógrafo, musicólogo, documentarista, antropólogo, não nos oferece uma resposta precisa e definida, cientificamente inatacável. Da Nova Iorque onde tudo parecia acontecer, durante a passagem dos anos 50 dos beats para os anos 60 do revivalismo folk, às profundezas do sul mítico dos Estados Unidos, daí às montanhas andinas onde visitou regularmente o povo Q’ero, o percurso de John Cohen complexifica a resposta. Talvez tudo resida numa insaciável curiosidade e numa ética de preservação e registo daquilo que faz de nós humanos. John Cohen foi músico nos New City Ramblers, banda fulcral na revitalização folk dos anos 1960, captou através das suas lentes Jack Kerouac, Bob Dylan, Woody Guthrie e Willem de Kooning. John Cohen foi tantas coisas que se torna difícil enquadrá-lo e reconhecer a sua relevância: quem é afinal, este homem com tantas vidas dentro? Vemo-lo subir aos Andes, octogenário, para reencontrar as famílias de pastores e tecelões amigos de décadas. Vemo-lo a recordar, com vívido detalhe, o ambiente que se vivia na sala em que fotografou Jack Kerouac. Vemo-lo a cantar e tocar o banjo, jovem nos anos 1950 e entre jovens há um par de anos. Vemos John Cohen e vemos muito: é a vastidão de vários mundos que se revela. (Mário Lopes)