O discurso feminino no IndieLisboa 2018

Dos números aos temas, o IndieLisboa 2018 é marcado pela forte presença de vozes femininas.

Ao longo do festival, nas sessões de curtas metragens da Competição Internacional, são exibidos 18 filmes realizados por mulheres, de um total de 33.

Lembro Mais dos Corvos, o novo filme do realizador Gustavo Vinagre, é um olhar sobre a história de Julia Katharine, actriz e argumentista transexual. Ao longo dos 85 minutos, o documentário revela eventos da vida da própria artista, bem como eventos ficcionais, que podem retratar a realidade de outras. Filmado em apenas uma noite, o filme não tem nenhum segundo take, mostrando um olhar “cru e realista” sobre a vida da protagonista.  A terceira longa metragem de Susana Nobre, Tempo Comum, mescla cinema e realidade, retratando intimamente um momento marcante na vida de um casal, o nascimento da sua primeira filha.

No olhar da heroína Independente Lucrecia Martel, La niña santa, retrata Amália, jovem católica à entrada da puberdade. Dividida entre o desejo sexual e sua devoção religiosa, descobre, no encontro casual com um médico que visita a cidade, a sua verdadeira vocação: salvar um homem do pecado.

A brincar com os estereótipos, o segundo filme de Aurélien Peyre, Coqueluche, é uma mordaz comédia centrada em Laurine que, com os seus tacões de salto alto, chegou para arrasar. Personagem forte é também a de Ramona, a personagem central de Matria (filme vencedor do grande prémio das curtas do festival de Sundance): uma mulher imparável, que entre todas as dificuldades consegue encontrar tempo para a sua neta.

Claude Lanzmann, provavelmente o maior documentarista vivo e autor do monumental Shoa, apresenta Les quatre soeurs: Paula Biren, Ruth Elias, Ada Lichtman e Hanna Marton. Quatro mulheres judias que testemunharam e sobreviveram aos horrores do holocausto. Lanzmann dá-lhes a palavra, uma hora dedicada à história de cada uma, para que aquilo que viram e aquilo que ainda lembram fique registado.

Na ponte para a música, destaque ainda para Matangi/Maya/M.I.A., o retrato de uma mulher que é um terramoto musical, mas também, político: sempre pronta a pôr em causa todas as formas de conservadorismo. L7: Pretend We’re Dead, um olhar sobre uma das mais emblemáticas bandas do movimento feminista punk underground riot grrrl e Here To Be Heard: The Story of the Slits, sobre as pioneiras do subgénero punky reggae.

Exibições | Datas e Hora

Lembro Mais dos Corvos
30 de Abril, 19h00, Grande Auditório da Culturgest
2 de Maio, 20h30, Cinema Ideal

Tempo Comum
27 de Abril, 21h30, Grande Auditório da Culturgest
1 de Maio, 19h00, Cinema São Jorge, Sala 3
6 de Maio, 16h00, Cinema São Jorge, Sala 2

La Niña
30 de Abril, 21h45, Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira

Coqueluche
30 de Abril, 19h15, Pequeno Auditório da Culturgest
2 de Maio, 19h15, Pequeno Auditório da Culturgest

Matria
1 de Maio, 22h15, Pequeno Auditório da Culturgest
3 de Maio, 16h30, Pequeno Auditório da Culturgest

Les quatre soeurs
28 de Abril, 15h00, Cinema São Jorge, Sala 3

Matangi/Maya/M.I.A.
1 de Maio, 21h45, Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira

L7: Pretend We’re Dead
27 de Abril, 21h30, Cinema São Jorge, Sala 3
4 de Maio, 19h00, Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira

Here To Be Heard: The Story of the Slits
4 de Maio, 23h30, Cinema São Jorge, Sala 3
6 de Maio, 22h00, Pequeno Auditório da Culturgest