Gusztáv Hámos e Katja Pratschke são os realizadores em foco na secção Silvestre do IndieLisboa. O trabalho desta dupla de origem alemã/húngara será mostrado no festival como uma das referências mais actuais na exploração, estudo e criação de fotofilmes. Gusztáv e Katja têm vindo a trabalhar em torno do uso da imagem fixa em contexto cinematográfico não só enquanto realizadores, mas como curadores das Photofilm Film Series que estiveram em exibição no Tate Modern London, SFMOMA, San Francisco, National Gallery of Art Washington, entre outros.
Explorando a relação entre a fotografia e o movimento, Gusztáv Hámos e Katja Pratschke criaram uma linguagem que desafia o espectador a descobrir novas formas de perceber o tempo, o espaço e o movimento. Para o IndieLisboa foram seleccionados um conjunto de 9 filmes que apontam as imensas potencialidades do fotofilme, enquanto género ímpar na desconstrução das relações entre linguagem, som, música e imagem.
O primeiro ciclo dedicado aos cineastas, compõe-se com Hidden Cities, uma narrativa sobre as cicatrizes físicas de cidades como Nova Iorque, Budapeste ou Berlim que explora a humanidade e desumanidade das sociedades; Transposed Bodies, uma história sobre o amor partilhado de dois grandes amigos que perdem a cabeça num desafortunado acidente; e Rope, filme com inspiração clara no trabalho de Étienne-Jules Marey sobre a história de um homem com a corda ao pescoço.
O segundo ciclo deste foco, integra Rien ne va plus, onde uma cadência repetitiva de eventos abre espaço a uma reflexão sobre as noções de tempo, luz e espaço; Fiasko, filme inspirado no romance homónimo de Imre Kertész (Nobel da literatura) sobre a história de vida de um escritor judeu-húngaro e a continuidade da opressão no pós segunda guerra mundial; e Cities (Potential Space), uma ficção sobre cidades futuras e imaginadas que reactualiza a obra ímpar de Italo Calvino.
Um terceiro ciclo olhará o trabalho a solo de Gusztáv Hámos, recuperando as obras que marcaram o início da sua carreira e a importância que as mesmas tiveram no pensamento sobre o lugar do vídeo no cinema. Para este ciclo o IndieLisboa recupera Seins Fiction que narra a história de duas mulheres em conversa com um alienígena, a alegoria à Alemanha pós industrial de Luck Smith e 1989 – The Real Power of Television, que questiona o impacto da televisão na vida comum através do diálogo entre os factos históricos do pós-Guerra do Golfo e as rotinas diárias da avó do realizador.
A par dos filmes, o IndieLisboa integrará no seu programa LisbonTalks, um debate em torno do género Fotofilme, com a presença da dupla em foco e ainda de outros convidados ligados à fotografia e arquitectura.
FOCO GUSZTÁV HÁMOS & KATJA PRATSCHKE
Seins Fiction, 1980, 20”
1989 – The Real Power of Television, 1989, 59”
Luck Smith, 1989
Transposed Bodies, 2002, 27 ”
Rien ne va plus, 2005, 30”
Fiasko, 2010, 32”
Hidden Cities, 2012, 27”
Cities (Potential Space), 2014, 30”
Rope, 2016, 28”