Director’s Cut: fantasmas e criação

Os fantasmas da criação e a criação de fantasmas. Este ano o Director’s Cut, secção programada em colaboração com a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, distribui a sua programação entre zonas de sombra e zonas de luz.

Algures por aí encontramos o génio (sobretudo o “mau génio”) de Helmut Berger, um dia considerado pela Vogue “o homem mais bonito do universo”, mas hoje tomado pela depressão e a loucura. Helmut Berger, Actor passa dia 27 de Abril (quarta-feira), às 19h00, na sala Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa.

Muito menos turbulento, Bruno Nuytten, um dos principais directores de fotografia franceses da segunda metade do século XX, decide abandonar o cinema, remetendo-se a outras ocupações, nomeadamente o de instalar um novo soalho na sua casa. Caroline Champetier, também directora de fotografia de renome, assina esta reflexão acerca da relação entre arte e artesanato. Nuytten/Film passa dia 29 de Abril (sexta-feira), às 19h00, na sala Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa.

Outra crise criativa: a da personagem interpretada por Jean-François Stévenin num filme de Luc Béraud e com fotografia de Bruno Nuytten. Um escritor em bloqueio criativo entra em conflito com a mulher, acusando-a de ser responsável pela situação. La tortue sur le dos, filme da secção Director’s Cut em Contexto, passa no dia 28 de Abril (quinta-feira), às 15h30, na sala Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa.

Um brilhante inconformado. Podíamos descrever assim o criador e a sua obra que estão sob o foco da câmara de Laura Israel, montadora que trabalha há muito com o fotógrafo e cineasta suíço, autor de um dos photo books mais influentes do século XX, The Americans. Don’t Blink – Robert Frank passa dia 20 de Abril (quarta-feira), às 19h00, na sala Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa.

Convocar a memória do cinema através do espiritismo. O “David Lynch canadiano”, Guy Maddin, é o principal objecto de curiosidade do cineasta Yves Montmayeur. No seu projecto interactivo Seances convocam-se as almas fílmicas em sessões espíritas onde intervêm actores de renome internacional, tais como Mathieu Amalric, Charlotte Rampling e Maria de Medeiros. The 1000 Eyes of Dr. Maddin passa no dia 22 de Abril (sexta-feira), às 19h00, na sala Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa. Bring Me The Head of Tim Horton, filme colectivo de de Guy Maddin, Galen Johnson, Evan Johnson, a abrir a sessão.

Dos fantasmas da criação passamos para a criação de fantasmas. Dario Argento reinterpreta o clássico de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera, sendo que aqui o protagonista vive nas profundezas subterrâneas e nutre um carinho muito especial por ratos. Il fantasma dell’opera, filme da secção Director’s Cut em Contexto, passa dia 21 de Abril (quinta-feira), às 19h00, na sala Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa.

Mais fantasmas assombram o filme ensaístico de Charlie Lyne. Trata-se de uma reflexão sobre o medo a partir da montagem de dezenas de excertos de filmes, à imagem do que o mesmo realizador fizera com o género do teen movie em Beyond Clueless. Fear Itself passa dia 21 (quinta-feira), às 15h30, na sala Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa. Em rima, passa a curta metragem de Virgil Wildrich Back Track, sobre o cinema clássico em 3D.

Mais cinema sobre o cinema. Jacques Tourneur, cineasta crente no invisível e no sobrenatural, é homenageado num documentário de Alain Mazars, Jacques Tourneur, le médium (filmer l’invisible) passa dia 26 de Abril (terça-feira), às 15h30, na sala Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa. A complementar passa O cinema que vê, curta metragem de Beatriz Saraiva sobre uma história de olhares entre os transeuntes que passam e o operador que lhes dirige a câmara. Também será exibido Film Noir 001 // 002 // 00, filme em que La Ribot tapa as estrelas de Hollywood clássica para nos fazer olhar para os figurantes.