The Parkinsons, Sharon Jones e Janis Joplin no IndieMusic

Música, juventude, resistência, drogas, alucinações, doença, caos, morte. O IndieMusic desenha, assim, o retrato de alguns dos mais prodigiosos talentos musicais. O caos selvagem dos The Parkinsons, que os levou tão rápido até à ribalta quanto os devorou por dentro, chega-nos em imagens e sons inéditos reunidos no documentário de Caroline Richards A Long Way to Nowhere (dia 22 de Abril, sexta-feira, às 21h15, no Cinema São Jorge). A realizadora estará presente na sessão. A banda punk de Coimbra actua depois da sessão no âmbito do IndiebyNight, a partir das 23h00, nas Catacumbas do Liceu Camões.

Quem oscila, nas suas composições como na vida, entre a ordem e o caos é também o genial Jaco Pastorius, um dos mais notáveis baixistas do seu tempo, um produto acabado do jazz louco dos anos 1970 que é objecto de retrato em Jaco (dia 22 de Abril, sexta-feira, às 19h00, na Culturgest). Outro vulto da música do século XX, Leon Russell, multifacetado músico folk que colaborou com várias bandas, é o tema principal do filme póstumo de Les Blank A Poem is a Naked Person (dia 24 de Abril e 1 de Maio, domingo, às 23h45 e 19h00, no Cinema São Jorge).

Emocean (dias 23 e 30, sábado, 23h45 e 19h15, no Cinema São Jorge) é um documentário musical tripado pela música da banda pop psicadélica Fenster, que conta aqui, em modo home made, quão alucinada foi a aventura por trás da gravação do seu terceiro álbum.

A pop electrónica portuguesa é olhada – e ouvida – de perto em Tecla Tónica (dia 30 de Abril, sábado, às 21h30, na Culturgest), o mais recente filme de Eduardo Morais. Este filme alicerça-se em intervenções preciosas de alguns notáveis, tais como DJ Vibe, Vítor Rua ou José Cid. A sessão de cinema é seguida, às 24h00, da festa de encerramento do festival, que regressa à garagem da Culturgest. Ghost Hunt, W.A.S.T.E. Club, Nunchuck DJ set e Lena Huracán VJ set fazem parte do programa de música concebido pelo próprio Eduardo Morais.

Dois talentos desaparecidos precocemente por causa das drogas: Janis Joplin e Mark Linkous. A primeira revela-se, além-túmulo, num conjunto de cartas que enviou a pais, amigos e colaboradores. Em Janis: Little Girl Blue (dia 22, sexta-feira, às 21h30, Cinema São Jorge), as palavras secretas de Joplin são lidas por Cat Power sobre imagens da “rainha do rock and roll”. O segundo, vocalista da banda Sparklehorse, levou uma vida “bela e triste” de luta permanente contra a depressão e a toxicodependência. The Sad & Beautiful World of Sparklehorse (dias 21 e 30, quinta e sábado, às 21h30 e 23h45, no Cinema São Jorge) é um filme feito por quem conviveu de perto com Linkous até 6 de Março de 2010, dia em que este decidiu terminar com a sua vida. Os realizadores Bobby Dass e Alex Crowton estarão presentes na sessão.

Miss Sharon Jones (dia 26, às 21h45, no Cinema São Jorge) é o documentário mais recente da oscarizada Barbara Kopple (Harlan County, U.S.A. e American Dream). Trata-se da história inspiradora da vocalista dos The Dap-Kings, que luta contra um cancro no pâncreas enquanto procura usufruir do sucesso que lhe escapou ao longo da vida.

Em Ecstasy of Wilko Johnson (dias 22 e 25, sexta-feira e segunda-feira, às 23h45 e 15h00), a estrela de rock Wilko Johnson também está demasiado ocupado a viver para pensar morrer. Diagnosticado em 2013 com um cancro no pâncreas, o “Dr. Feelgood” não se deixa vencer pela doença, encarando a mesma como mais uma motivação para continuar a desenvolver a sua arte.

Sonita (dia 23, sábado, às 18h00, no Cinema São Jorge) resiste não à doença do corpo, mas à doença da sociedade em que vive. Ela é uma imigrante afegã de 18 anos a viver ilegalmente no Irão. Sonita ransforma os obstáculos da conservadora sociedade iraniana num motivo para inspirados temas rap que desafiam a ordem patriarcal em vigor. Outra história de resistência contra a intolerância e a injustiça: Mali Blues (dia 30, sábado, às 18h00). Este filme reúne o melhor da cultura maliana para uma viagem pela estrada fora por um país que corre o risco de ver a suas formas de expressão amordaçadas pela lei da Xaria.

É a vida, e tudo o que ela ainda tem para oferecer – que parece ser muito -, que pesa sobre os ombros dos três putos de Breaking a Monster (dia 24, domingo, às 16h00). Eles são os Unlocking the Truth, uma banda que em 2014 abriu concertos de Guns N’ Roses, Motorhead e Queens of the Stone Age. Terá o sucesso chegado rápido de mais?

Por fim, uma escola de veteranos: Journal d’hérésie (dias 20 e 25, quarta-feira e segunda-feira, às 21h45 e às 23h15, no Cinema São Jorge e Cinema Ideal). O documentarista francês Benoît Bourreau faz o retrato de três artistas que partilham experiências numa mesma residência artística. Ao jeito de One+One de Jean-Luc Godard, em que o cineasta suíço documentava os Rolling Stones em pleno acto criador, Bourreau revela o backstage artístico do “poeta sonoro” francês Anne-James Chaton, do guitarrista da banda holandesa The Ex Andy Moor e do fundador dos Sonic Youth Thurston Moore. Uma irresistível concentração de talento. O realizador estará presente na sessão.