O primeiro filme de uma trilogia que é, pode dizer-se, sobre o amor. Desesperado, em Love, obsessivo, em Faith, ingénuo, em Hope. Nas três partes existem outros elementos de ligação. Não é só a das três protagonistas, o laço familiar, mas o mesmo sentido cáustico que vem do anterior cinema de Seidl, o mesmo prazer de operar sobre o grotesco sem piedade. No desespero de se sentir atraente, Teresa quer que a olhem nos olhos enquanto lhe mexem no corpo e esquecer-se que o faz a troco de milhares de xelins a poucos passos de um resort queniano. Na praia, os geométricos planos dividem turistas e locais, como a corda que separa o território de uns e outros, e que poucos se atrevem a cruzar. São justas as evocações de Rubens. É algures entre a carne e as cores que Seidl posiciona o jogo da presa e do caçador, e diverte-se a mudá-lo de direcção sempre que lhe apraz. (M. M.)
Paradies: Liebe
Ulrich Seidl
IndieLisboa 2013 • Observatório
Austria, Germany, France, Ficção, 2012, 120′