Hoje celebra-se a luta que é de todos os dias. Neste 8 de Março, o IndieLisboa volta a dar vivas às mulheres no cinema. Só nas últimas edições do festival, visitámos em jeito de retrospectiva as obras de diversas personalidades, mostrando, filme a filme, que o cinema no feminino é também exactamente o que dele se pretende por inteiro: plural. Se em 2018 aprendíamos a imitar a vida com Lucrecia Martel, em 2021 preparávamo-nos para a revolução com Sarah Maldoror. Pelo meio, em 2019, Anna Karina surgia diante da câmara, dando o corpo e a voz a diferentes personagens que nos contarão para sempre a dimensão feminina segundo a nouvelle vague francesa.
Este ano, a retrospectiva traz Doris Wishman às salas portuguesas. Figura de culto do cinema independente norte-americano, Wishman é também símbolo de liberdade. É a cineasta mulher que mais filmes realizou até à data e a primeira a dedicar a sua obra à sexploitation feminina no cinema. “Se tivesse dinheiro, podia ter feito melhor”, disse em entrevista, mas nem por isso deixou de o fazer. E fê-lo do jeito que quis, confrontando o sistema e pondo em causa todas as expectativas que caem sobre o ser mulher. Hoje é reconhecida como a artista que sempre foi, pioneira e de curiosidade incomum, capaz de trilhar um caminho só seu. São 10 os títulos de Wishman que o IndieLisboa vai apresentar já na próxima edição do festival.
Hoje celebra-se a luta que é de todos os dias e o IndieLisboa volta a dar vivas a todas as mulheres, na certeza de que há ainda muitos lugares por ocupar e vozes por ouvir. É também essa a nossa luta: o cinema como lugar de fala e de outras possibilidades de ser, para sempre no plural.
Aqui fica a lista completa dos filmes de Doris Wishman que irão ser apresentados:
Diary of a Nudist (1961)
Nude on the Moon (1961)
Bad Girls Go to Hell (1965)
Another Day Another Man (1966)
Indecent Desires (1968)
Keyholes Are for Peeping (1972)
Double Agent 73 (1974)
Deadly Weapons (1975)
The Immoral Three (1975)
Let Me Die a Woman (1978)