Não se pode dizer que a Berlinale não está atenta ao cinema português. Está e não tem medo de arriscar: fê-lo, ao seleccionar para o programa de 2016 três arrojados filmes portugueses.
O que têm em comum Balada de Um Batráquio, de Leonor Teles, e Freud und Friends, de Gabriel Abrantes? Além de duas fortes entradas da competição de curtas metragens da Berlinale 2016, são filmes que não encaixam nos velhos cânones. Celebramos também a presença de L’oiseau de la nuit, de Marie Losier, no Forum Expanded, outra obra singular.
Leonor Teles consegue a proeza de, com o seu primeiro filme, entrar na competição de Berlim. Balada de um Batráquio vem mostrar-nos que a discriminação de ciganos é mais óbvia do que pensamos. Um filme que intervém no espaço real do quotidiano português como forma de fabular sobre um comportamento xenófobo.
Gabriel Abrantes, jovem realizador com uma larga carreira internacional, prova novamente a sua imprevisibilidade com Freud und Friends, um mockumentary sobre a viagem de “Herner Werzog” ao interior do cérebro. Um mundo impressionante onde cabem Sónia Balacó e Carloto Cotta, o Benfica, um tamboril que canta e Lisboa dos pastéis de nata.
A cidade de L’oiseau de la nuit, um filme de Marie Losier, é misteriosa e bela, colorida e nocturna, como a vida de Fernando – aliás, Deborah Krystal – o performer poético e cintilante do mítico clube Finalmente. Revelam-se as muitas facetas de Fernando que dão vida às lendas de Lisboa: sereia, mulher-pássaro, mulher-leão.
As curtas metragens de Marie Losier e Gabriel Abrantes são parte integrante do filme colectivo Aqui, em Lisboa, encomendado e produzido pelo IndieLisboa na ocasião do décimo aniversário do festival.
Balada de Um Batráquio foi produzido pela Uma Pedra no Sapato
Os filmes são representados pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português